Ando pela rua... Há um buraco
fundo na calçada... Eu caio... Estou perdido... Sem esperança... Não é culpa
minha... Levo uma eternidade para encontrar a saída.
Ando pela mesma rua... Há um buraco fundo na
calçada... Mas finjo não vê-lo... Caio nele de novo... Não posso acreditar que
estou no mesmo lugar... Mas não é culpa minha... Ainda assim levo um tempão
para sair.
Ando pela mesma rua... Há um buraco fundo na
calçada... Vejo que ele ali está... Ainda assim caio... É um hábito... Meus
olhos se abrem... Sei onde estou... É minha culpa... Saio imediatamente.
Ando pela mesma rua... Há um
buraco fundo na calçada... Dou a volta.
Ando por outra rua.
Texto extraído de O Livro Tibetano do Viver e do
Morrer, de Sogyal Rinpoche (Ed. Talento/Palas Athena)